Mais moda e menos carão, por favor!

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No exterior é chic, no Brasil é brega, é desrespeitoso e isso não se faz.

Acho que eu que vivo desde 2008 na moda e frequento desde 2009 sem pular nenhuma edição as principais semanas de moda do Brasil, São Paulo Fashion Week e Fashion Rio posso dizer que a moda muda em termos e noutros continua aquele velho costume de o que vem de fora e acontece lá é mais glamouroso. Talvez seja porque não seja acessível, palpável pra quem tanto crítica.

De 2009 pra cá pude conferir mais de 50 desfiles sentado nas fileiras de convidados, raramente fila A – porque eu era um simples blogueiro de moda, mas essa parte em que blogueiros antes de ser alvo bom para o marketing das semanas de moda era alvo para detonarem deixemos para outro dia, postagem ou publicação pois o nosso foco continua sendo a passarela.

Ao termino do desfile sempre há aqueles comentários clichês que todos sabem e não preciso repetir. Mas isso tem mudado nas últimas edições, com apresentações mais comerciais e não tão conceituais – saiba a diferença clicando aqui, que antes dividiam muitos mas agora que o exterior tem abraçado essa ideia “tá tudo maravilhoso e divino”.

Vira e mexe a Reserva se torna referência em nossas matérias já que ela tem um ponto de vista sobre a moda que é muito compatível com o nosso, que foca em fazer moda de verdade com intuito e foco de atingir seu publico alvo se importando com o conceito de sua mira não dos que possivelmente o rodeia.

Lembro que a Reserva começou a levar visuais usáveis para dentro das passarelas e cada edição abandonava a ideia do conceitual e ia mais pro comercial. Interessante pro seu público e um pecado para quem frequentava as semanas de moda. Pecado antigamente, já que as marcas internacionais também foram abandonando o conceitual no vestir e se adaptaram a novas ideias, que é o que movimenta a moda e as fashion weeks.

Na edição Verão 2013, fui convidado pela marca para conferir seu desfile de perto como nos eventos anteriores, onde também mais uma vez seu desfile era cercado de mistérios. Chegado o dia e hora o espetáculo começa, espetáculo porque o desfile se misturava a teatro mas não deixava de lado a veia comercial e suas propostas para a estação. Entenda tudo assistindo o vídeo abaixo:

Terminado a apresentação que foi um prato cheio para os cricriticos e também criticos de moda, pois a marca foi bombardeada nos maiores e melhores – segundo muitos, não pra gente – portais de moda do Brasil.

Pulando para o Verão 2014, a Reserva mais um vez faz seu desfile numa das maiores semanas de moda do Brasil, anunciando a coleção “Moda, Foque!” que veio estampado em uma camiseta junto ao convite para conferir mais uma loucura deles de perto.

Até o inicio da apresentação estava tudo tranquilo, até que…

Isso mesmo, eles apresentaram seus modelos com suas propostas escondidas por trás de um cabideiro que colocava uma fantasia a sua frente. Os fotógrafos odiaram e os críticos não entenderam – até ler o release, pois eu na sala de desfiles mais ria da audácia e, entendendo tudo, sabia que aquilo era nada mais que um “FODA-SE” em forma de adeus.

Fiquei feliz por alguém fazer algo diferente em meio tanta coisa igual, mas triste pela marca ter saído, e com a certeza que retornaria não pra semana de moda mas pra algo novo já que depois de viver tantas edições de fashion weeks – as semanas de moda- já sentia o enfraquecimento delas.

Passado esse grito, as semanas de moda do Brasil continuaram com o pé no conceitual – que eu acho incrível desde que seja conceitual mesmo, não palhaçada em forma de nada – e outras marcas com o comercial misturado ao fashion que era aceito porque sempre mixou em meio aos modelos personalidades internacionais que são colocadas no pedestal e todos vangloriam sem mesmo saber o porquê.

Agora vem o motivo de tantos rodeios meus durante essa postagem. Estou eu conferindo as semanas de moda internacionais – porque preciso ficar ligado em tudo já que trabalho como pesquisador de tendências, saiba mais clicando aqui – e me deparo com…

Tudo lindo, protesto lindo, passarela é para isso mesmo… mas só no caso de Chanel, pra marcas brasileiras não, isso é “coisa de pobre” de “gente sem noção”.

Mas calma, tem mais um ponto…

A imagem acima mostra mais um desfile da Chanel que rolou em Paris, na qual colocaram várias mesas com modelos atuando e outras desfilando, que foi incrível para muitos da moda. Mas os mesmos que acharam o desfile de Karl esplendoroso achou um absurdo a reserva colocar uma mesa com modelos atuando.

E ai, você confia mesmo seu estilo em quem caga regras, desmerece o nosso e bajula o que é inacessível aos brasileiros? Falo inacessível não no quesito aquisitivo, mas físico e climático mesmo. Nem quem tanto protege marcas tem nada mais que uma falsificação bem feita ou uma original perfeitamente parcelada.

Falo você e não eles, os poderosos, porque a moda é um reflexo do mundo externo das passarelas, que tinha sido esquecido e agora está sendo resgatado porque glamour enche os olhos mas não o bolso, uma prova disso é não ter mais o Fashion Rio, a incrível semana de moda brasileira.

Claro que há vários motivos para desfocar e detalhar, mas num contexto geral, só tenho uma coisa a dizer: A moda brasileira e os brasileiros têm muito o que aprender e muito a valorizar.

Acordo todos os dias com o desejo que os brasileiros sejam mais estilosos, menos consumistas e compulsivos, invistam mais “em si”, mas não num padrão imposto por não sei quem.

Mais moda e menos carão, por favor.