Entenda a tendência das roupas sem gênero

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Muito se falou das roupas sem gênero durante a São Paulo Fashion Week Inverno 2016, mas o assunto voltou a ser polêmico após o anuncio da nova estrela da coleção feminina da Louis Vuitton ser ninguém mais que Jaden Smith, filho de Will Smith – clique aqui e leia matéria completa.

Entre os muitos comentários, sem informação alguma de moda e carregadas de machismo ou de achismo, houve veículos que ousaram mais dizendo que as roupas do homem do futuro serão as de mulheres. Mas qual parte do sem gênero os comentaristas de redes sociais e replicadores de informações não entenderam no “sem gênero“?

Gosto muito de moda, jornalismo e a pegada jornalistica tanto que não escrevo em primeira pessoa aqui a não ser em nossos diálogos que não são rotineiros, apenas quando surgem grandes assuntos a serem comentados e explicados, como esse.

Vamos, ou melhor, vou traduzir pra vocês como é essa nova tendência e qual a ideia que os estilistas tiveram ao criar peças e coleções completas inspirados em outras coisas. A moda meio que se saturou nos últimos anos onde a sexualidade e sensualidade foram colocadas à frente das roupas, eram peças-chave de inspiração pra muitas criações.

Nessa de querer provar algo ou querer passar algo, assim como em qualquer área da vida do ser humano, há uma saturação naquilo que se torna massivo. A moda tá aí pra espalhar, ditar – talvez, recriar e criar. Quem viveu nos anos 90 e em outros anos antes desse sabe que uma roupa não trazia uma mensagem ou apelo sexual tão forte como atualmente.

Vou simplificar mais ainda focando na moda masculina. Antigamente os homens usavam calça justa, colorida, short extremamente curto e essas eram peças dos homens comuns, ao contrário de hoje. Acontece que nos dias atuais as pessoas são julgadas pelo que vestem, sempre será assim e não vai mudar, mas rotuladas sexualmente pelo que vestem. Isso tem cansado e causado um nojinho em quem cria moda, e nos que ousam no estilo também. Aí que vem a ideia das roupas sem gênero.

Nesses meus mais de 6 anos como pesquisador de tendências, observo demais o que acontece no cenário brasileiro e isso reflete muito no que vestimos. Isso está mais forte do que nunca nessa guerra em que os brasileiros estão com o surgimento das redes sociais onde todos têm acesso a informação e se tornaram críticos demais, com rótulos de menos – que é bom, se não quisessem se livrar disso rotulando outras pessoas. Tudo é massivo, tudo é pra todo mundo e tudo envolve todos. A frase que mais se escuta e lê é “meu corpo, minhas regras”, “roupa não é termômetro de caráter” e outras mais diferentes no modo de dizer mas iguais no modo de expressar.

Já que o mundo, não só os brasileiros, está com essa necessidade de mudanças e de se mostrar diferente, nada imprime mais o nosso interno do que o nosso externo. Sem hipocrisia de quem fala que sua roupa não diz o que você é, pois ela diz sim e muito.

Agora vamos ao toque final para aqueles que acham que os homens vão sair de micro-saia e mulheres de ternos masculinizados, a moda sem gênero é totalmente contrário dessas peças que são cheias de gêneros. Analise abaixo os desfiles de João Pimenta, Vitorino Campos e Ronaldo Fraga com peças, estampas e modelagens propostas pelos estilistas que levantaram a bandeira dessa nova tendência.

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Vitorino Campos – SPFW Inverno 2016

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João Pimenta – SPFW Inverno 2016

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Ronaldo Fraga – SPFW Inverno 2016

Há o exagero da moda das passarelas pois o papel do estilista em uma fashion week é chamar atenção e nem sempre do modo mais convencional mas conceitual. Claro que uma moda comercial focada em peças sem gênero terão suas modelagens mais soltas, serão mais básicas e mais leves em suas composições e cartelas de cores – entenda a diferença entre moda comercial e conceitual clicando aqui.  Nos casos acima, principalmente no caso do Ronaldo Fraga, ele trouxe a mesma estampa para homens e mulheres, esse foi o toque sem gênero que ele usou, não é que homem irá usar o que a menina está usando.

A moda sem gênero está aqui pra dizer um simples: “NÃO SOU OBRIGADO A NADA!”, tanto para os homens que estão cansados de serem rotulados como gays de um modo pejorativo, quanto para as mulheres. Essa é uma ótima oportunidade da moda ser renovada em todos os sentidos e dar mais opções para os estilistas ousarem, reciclarem e imprimirem um novo homem e uma nova mulher nas passarelas.

Agora quando ouvir e ler o termo AGENDER durante esse ano vai saber que esse é um termo chique para a moda unissex, sem gênero.